segunda-feira, 27 de julho de 2009

Cama vazia

Acordei suado, ofegante, não sabia o que era, sentia um aperto muito forte de peito. Parecia uma angustia sem explicação, sei que a dor ia direto na alma. Algumas pessoas me falavam que eu vivia demais na solidão, que um dia eu iria pagar por isso, nessa hora eu pensava se essa dor que eu sentia seria a dor da solidão.
Mais o que tem de errado na solidão afinal? Não que eu seja totalmente solitário, sempre fui poucos amigos, mas amigos bons. Apenas nunca gostei de alguém ao meu lado, não acredito no amor, e não quero acreditar, nunca me senti preso a alguém a ponto de dizer que amo a pessoa, já li muito sobre o amor, sobre a ansiedade, sobre sexo. O que os poetas falam que é amor pra mim é ansiedade de sexo, não precisa ter sexo, mas existe aquela excitação natural de encontrar alguém, se isso for amor, já senti um milhão de vezes, só em uma semana. O amor deve ser quando essa excitação nunca acaba, até ela virar uma rotina tão grande que você nem percebe mais que a sente, de qualquer modo, eu não queria um amor pra mim e as pessoas gostavam de dizer que eu precisava de um amor.
Acho que por isso sempre me reclusei em minha solidão, já acho muito difícil tomar conta da minha vida sozinho, imagina tem que dividir essa propriedade tão pequena e mal acabada. Era demais para mim, porque não iam simplesmente todos para o inferno antes de ficarem me jogando pragas de dores.
Parei de suar e dormi.

domingo, 26 de julho de 2009

Garfos a mesa

A vida não estava sorrindo pra mim já havia alguns bons dias. Tudo de errado acontecia, desde pisar na merda até tomar cerveja quente.
Estava trabalhando em uma loja de roupas, como vendedor, particularmente eu sempre detestei esse lance de empurrar para os outros aquilo que eles não precisavam, mais era pago pra isso, e particularmente me achava bom nisso. Melhor ainda, só mesmo a outra funcionaria, ela era caixa, uma graça, um sorriso angelical, um olhar de menina mas tinha seus 27 anos, seu nome era Joana. Ela não dava bola pra mim de jeito algum. Vai ver que meu mau humor e minhas ironias não agradavam ela, um certo dia ela me perguntou:
- Esses oculos ficam bem em mim?
- Sim, ficam, dão aquele ar de professora de prézinho sensual.
-Credo
- Não era isso que você queria ouvir?!
- Não exatamente!
- O sim, desculpe.
- Sem problemas.
Eu sabia que no fundo ela gostava das putarias todas que eu falava, certa vez perguntei se ela tinha namorado, de uma maneira muito discreta.
- Joana, você transa todo dia com seu namorado?
- Não tenho namorado.
- Então transa todo dia?!
Ela não me respondeu, mais eu insistia, ela exalava safadesa.
- Joana, vamos para o meu apartamento hoje?
-Fazer o que?!
-Tomar um vinho, uma vodka, comer algo, qualquer coisa o que isso importa, ambos sabemos no que vai terminar.
-Pode ser, eu vou, mas vou embora antes da parte "ambos sabemos no que vai terminar".
Comprei uma boa garrafa de vodka, limpei a casa, troquei a roupa de cama, aluguei filmes. Seria um ótima noite.
A vida realmente não estava sorrindo pra mim.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Taças de vinho...

Naquele tempo eu estava envolvido com uma garota diferente das que eu costumava me relacionar. Ela era meiga, não gostava de bares, porém o que eu gostava nela, além de sua beleza, era o jeito que ela tinha que eu não sei explicar, ela era maliciosamente pura, ao mesmo tempo que eu sentia vontade de beijar ela, sentia a mesma vontade de a proteger para sempre. Eramos opostos afim do mesmo proposito.
Quando estava com ela, não havia tempo, não havia razão, só eu e ela, nada mais, nem mais ninguém. Foi a primeira vez em que eu quase acreditei no amor, como um sentimento real e não apenas um vicio que criamos a partir do habito de estar com alguém. Sempre gostei de pensar mais friamente nas coisas, mais com ela parecia que eu estava cego, não conseguia enxergar nada. Definitivamente o amor existia eu amava aquela garota, ela mexia comigo, eu criei o vicio de gostar dela, cada vez mais e mais.
O despertador tocou, eu levantei e fui trabalhar.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Humor sentido

Acordar todos os dias as 5 da manhã era um tortura sem fim, a primeira coisa que eu desejava ao abrir meus olhos era fecha-los novamente.
O ônibus lotado, me motivava mais ainda a voltar pra casa, pelo menos, a primeira condução não cheirava tão mal quanto a da volta pra casa.
Estava trabalhando como ajudante em uma obra, ficava a quase 1 hora de casa, 1 hora dentro daquele coletivo, 1 hora que durava mais que um trabalho de parto de uma virgem ou quase virgem, era durante aquela 1 hora que eu pensava o porquê eu não era um pássaro para poder voar, ou um cachorro para não precisar trabalhar, eu queria apenas sair dali.
O trabalho, era tudo que eu nunca sonhei, muito esforço, muitas horas e pouca remuneração. Tomar uma cerveja no final da tarde era luxo, quem dirá tomar duas.
Nunca acreditei nesse papo que o trabalho enobrece o homem, isso foi inventando por algum duro que tinha um trabalho de merda, o dinheiro enobrece o homem, o andar do homem com dinheiro é bem mais bonito do que do homem sem dinheiro, até as atenções voltadas são diferentes, dois homens podem estar vestidos iguais dos pés a cabeça, mais todos saberão quem é o cara com grana. O olhar denuncia, o cheiro que a pessoa exala, não o cheiro do perfume, e sim o cheiro das dividas, mas nesse ponto sempre consegui enganar, nunca me preocupei muito em ter ou não dinheiro, já estava fodido mesmo, ter dinheiro era apenas mais cervejas que eu tomaria, era educado, me vestia bem, sabia me portar a mesa, só não era mais rico pela triste falta de dinheiro.
Chegou meu ponto.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Podcast - Rádio Inside my head

1ª Edição da Rádio do blog Insade My Head com parceria do blog Acorda pra Cuspir,trazendo o melhor do rock e blues.

Primeiro programa só com slow blues nacional

- Bêbados Habilidosos,O Bando do Velho Jack,Amplitude Valvulada,Celso Blues Boy,Velhas Virgens e Nasi e os irmãos blues.




Pão mordido

Cada dia que se passava eu detestava mais as pessoas, algo me incomodava, não sabia se era o cheiro delas, ou o jeito dedutível de ser, isso também se refere a mim.
Nunca gostei muito dessa idéia de ir as missas agradecer a Deus pelo que tenho, posso fazer isso em casa mesmo, sem precisar ouvir aquele bla bla bla todo de um velho que está nem aí para o que eu faço ou deixo de fazer, e apenas vai falar "reze 10 ave maria e 15 pai nosso, você estará perdoado", quanto besteira, aquilo realmente me enchia.
Gostava de passar as tardes de domingo em algum bar, sentado, tomando uma cerveja gelada e apenas apreciando a depressão ou alegria alheia. As pessoas costumam agir de maneira estranha quando agem com naturalidade, elas riem alto, batem na mesa, dão risada, deixam escorrer lagrimas sem se envergonhar ou se preocupar se estão sendo vistas, muito ao contrario de quando sabem que estão sendo observadas, elas se calam, ficam fechadas como uma caixa forte de banco, estaticas, mudas, totalmente sem alma.
E muitas vezes me punha a pensar, será que tem alguém me observando, e se tiver , o que será que essa pessoa pensa de mim? É inevitavel, por mais que não me importasse, eu queria saber, o que pensavam e por quê pensavam aquilo, se pensassem algo. Ou seria eu tão invisvel aos olhos das outras pessoas, que nem notavem minha presença?
-Mais uma cerveja por favor!

domingo, 19 de julho de 2009

Abraço de santo

Estava voltando pra casa, já estava tarde, devia ser por volta das 3 da manhã. Não estava muito feliz, não tinha dinheiro nem para uma cerveja, os cigarros tinham acabado, minha situação era lamentável. Ultimo emprego que eu tive me lembro que meu chefe era um cara de mais ou menos uns 48 anos, não devia dar uma boa foda a mais tempo que a metade de sua idade, o rosto dele era esburacado, estranho, seu cheiro não era de alguém que tinha uma mulher, era de alguém que morava com os porcos, ele gostava de dar ordens, dava pra notar que ele sentia um prazer nisso, toda vez que ele mandava alguém fazer algo, notava-se sua satisfação. Era uma distribuidora de alimentos, eu ficava na área de encaixotamento, comigo trabalhava uma moça, não era nada de bela, mais ela tinha alguma coisa, aquilo me atraia muito. Sempre eu tentava puxar algum assunto com ela, nunca tive sucesso, até o dia que a vi chorando:
-por que está chorando?- perguntei a ela.
Ela apenas me olhou e nada me respondeu, insisti
-olha só, sei que não sou o cara que você sempre sonhou, e que meu bafo de bebida deve te incomodar, mais só quero te ajudar!
Ela olhou pra mim e sorriu, e disse:
-Meu marido me trocou por outra, 10 anos mais nova.
Na hora eu pensei "Eu e minha boca grande, por que simplesmente não fiquei quieto?!"
-Poxa vida, ele não deve ser tão esperto quanto parece então - tentando a animar
-Uma moça jovem, linda, o que eu tenho a oferecer pra ele? estou acabada
Na hora pensei "bom, mesmo assim não é de se jogar fora, ainda."
-Deixa disso, aposto que a jovem não sabe um terço da vida que você sabe, ele nunca vai gozar direito - Eu e minha boca grande!
-Seu porco!
- Estou mentindo?! Quem mais faz sexo que senão seja pra gozar?!
- Você realmente não entende, não sei o porquê comecei essa conversa.
- Veja bem ,se seu marido lhe trocou, talvez seja pois você já não o excitava como um dia já o fez, você deve ter se acomodado na sua relação achando que ia ser jovem pra sempre, e que depois que envelhece-se, seu marido também envelheceria, e os dois ficariam velhos juntos, velhos e abandonados por tods. Ele viu isso diferente, sem dúvidas ele pensou "estou velho, do lado de uma velha, quero algo novo, uma mulher nova pra eu ficar novo de novo".
-Você está me magoando mais ainda, não está ajudando em nada.
-Apenas estou lhe mostrando que você se acomodou no tempo, seu marido ter lhe deixado quem sabe não foi algo bom, para você se rejuvenescer, conhecer pessoas novas. - Era minha deixa para chamar ela pra sair - Quem sabe, podemos sair hoje a noite, tomar um vinho, papear?
Dormi sozinho.

A boca banguela do inferno

Já não dormia direito havia um bom tempo, ficar bêbado era a rotina que mais me agradava. Na escuridão do meu quarto eu pensava em muitas coisas, muitas delas não faziam sentido nenhum, outras não tinha nem o porque de eu estar pensando, enfim, apenas bobagens.
O telefone tocou, estava longe, não queria me levantar pra atender, ele parou de tocar. Devia ser perto de 4 da manhã, precisava de um trago.
Levantei, vesti minhas calças, e fui até um bar próximo que sempre ficava aberto.
Comprei 2 garrafas de um vinho barato, voltei pra casa, liguei o rádio, estava tocando aquelas músicas que falam de amores impossíveis que sempre dão certo, algo muito longe da minha realidade. Nunca fui uma pessoa com sorte no amor, não sei ao certo, mais nunca atraí muito atenção das garotas, mais me virava como podia.
Abri a primeira garrafa de vinho, me servi num copo, desses de requeijão, e fiquei prestando atenção naquelas letras, onde todos conseguem seu verdadeiro amor. Não demorou muito e me pus a pensar, como seria amar alguém de fato, pessoalmente nunca acreditei muito nessa balela de amor, pra mim nada mais é que algo egoísta, a simples necessidade de ter alguém como posse, uma droga barata, estar viciado em alguém. Sempre achará isso uma babaquice sem tamanhos, acho que ai encontro a resposta de nunca ter atraído muito a atenção feminina, sempre fui do tipo mais realista do que emotivo.
Mulheres devem gostar de caras que acreditam em amor eterno, mesmo que esse amor eterno dure apenas o tempo de uma foda mal dada, falar eu te amo faz mais mágica do que dizer "abre as pernas pra mim, por favor?!", é... sem duvidas deveria ter sido mais hipócrita e menos ético com sentimentos meus para com outras pessoas.
Quando terminei a primeira garrafa de vinho, o efeito dela começou a se misturar com o efeito da ressaca que eu já estava sentindo e com o resto de álcool que ainda estava no meu corpo, quando dei por mim já estava fudidamente bêbado, o telefone tocou de novo dessa vez eu atendi:
-Alo?!
- Quem fala?
-Porra, você quem ligou, deveria saber!
-Acho que é engano
-Pro inferno - desliguei.
Deitei em minha cama, virei pro lado e durmi.

sábado, 18 de julho de 2009

1º dia...

Sinto um frio dentro de mim, não sei explicar bem. Me sinto vivo quando bebo, mais pior mesmo que a ressaca da bebida é a ressaca moral, a baixa auto estima que me consome só não supera meu bom humor inexplicavelmente patético.
Tem dias que quando acordo penso "não tenho motivos realmente motivadores para levantar", mesmo assim levanto.
Estou levemente enjoado das pessoas, não dos meus amigos, mais do ser humano como um todo, aquele velho bordão "não faça para os outros o que não quer pra si mesmo" parece não valer mais de nada.
Minhas memorias estão confusas, minha cabeça está totalmente confusa... Triste é saber que a moda agora é estar confuso, sempre estive procurando respostas paras minhas perguntas idiotas, a cerveja muitas vezes me ajudou a achar algumas respostas, infelizmente ultimamente tenho tido mais duvidas e menos respostas...
Que se foda, quem se importa?