segunda-feira, 27 de junho de 2016

Quando as vozes falam.

-por que ele é assim?
-não sei também, é sempre assim desde que me lembro.
-sempre sozinho?
-sempre acompanhado, sempre se sentido sozinho.
-não deveria ser assim, e ele é feliz assim?
-as vezes, na maioria dos dias ele gosta de estar sozinho, mas quando está com alguém e ele esquece que se sente sozinho ele fica feliz.
-e quando ele está com alguém e lembra que se sente sozinho?
-é quando ele se esconde pra ficar sozinho, e quando ele não fica mais feliz, é quando ele grita e faz as coisas que ele faz
-e o que ele faz?
-você sabe, estraga tudo, com todos.
-a gente não deveria fazer algo a respeito?
-não dá tempo, normalmente ele não pensa, só faz.
-ele ainda gosta dela?
-de algumas sim de outras nem tanto.
-então por que alguns nomes sempre aparecem por aqui ou por ali?
-também não sei, alguns dias ele parece que quer alguém, mas os outros, os malvados fazem ele pensar que não vai ter ninguém, ferem ele, e não consigo impedir, os outros são muitos pra mim e o que eles falam entram como uma faca afiada.
- e o que você fala não entra?
- entra, mas é difícil trocar pela vontade dos outros.
-entendo, por isso ele anda tão confuso? parece que não tem fim isso.
-Os ultimos tombos foram difíceis, ele escolheu se isolar por completo, ainda ta cheio de machucados, quando eu consigo curar um, um antigo abre, e fica indo assim, não vai dar pra fechar tudo agora, entao vamos nos mais leves e deixa os maiores sangrando.
-mas não é pior? quer dizer os maiores doem mais não doem?
-sim, muito mais, mas é onde os outros cutucam, eles são muitos não posso contra, então faço o que dá.
-os outros sempre estiveram por ai?
-sim, mas não eram tantos, mas as coisas que dão errado surtirem mais efeito no dia a dia que as coisas que dão certo nos ultimos tempos foram desgastando e fizeram os outros ficarem mais forte, e hoje eles parecem indestrutiveis.
-e são?
-indestrutiveis acho que não, ele só precisa de um pouco de paz, mesmo ferido, ele conseguiu outras vezes que pareia pior.
-parecia ou era pior?
-não existia tanto dos outros malvados, mas as situações eram piores talvez.
-queria conseguir ajudar ele.
-você é um dos outros, mas não tão malvado como os outros
-não queria ser
-nenhum deles queriam ser, eles acham que estão fazendo o melhor.
-mas as memorias são boas para serem perdidas
-as memorias sim, as consequências delas não, ele ve demais, imagina demais, vai longe demais em pensamentos sempre, ele é consumido pelo outro do "se" , talvez esse seja o pior e que mais aparece.
-eu não queria que fosse assim, só queria que ele ficasse feliz com as coisas bonitas que ele fez e passou.
-mas ele só fica triste depois por não ter mais nada disso.
-mas não é culpa dele.
-ele sabe, mas se sente culpado.
-não deveria
-é a mania de querer abraçar o mundo mas nunca olhando pra onde ta pisando, vai acontecer mais vezes.
-e os medos dele será que vão mudar?
-duvido, acho que só estão mais do mesmo, mesmos medos mas maiores, não posso tirar a razão dele, as coisas se repetiram de um jeito pior que antes em muito pouco tempo.
-mas afinal, quais seus planos?
-se eu continuar fazer ele levantar todos os dias, pra mim estará sendo uma vitória.

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