terça-feira, 19 de julho de 2016

Palavras engasgadas por uma vida

Esse acredito que possa ser o desabafo mais difícil que já escrevi.
Tenho uma relação muito próxima com a depressão, não posso dizer se eu a tenho ou não pois nunca fui num medico pra confirmar, que difere que os sintomas tão aqui,  todos eles ou a maioria deles, mas por vergonha e comodidade sempre preferi guardar pra mim.
Nunca me senti totalmente feliz, sempre senti que estava faltando algo. Minha adolescência foi uma merda, coisas que hoje eu escondo pois também tenho vergonha, eu andava na escola com a turminha dos bagunceiros, já que a turminha dos não bagunceiros me pareciam chatos, não que os bagunceiros fossem legais. Mas eu sempre fui o esquisito, o que sabia as coisas nas provas e tinha que passar cola pra não apanhar, o moleque que eles zuavam e etc etc, e eu tinha muita vergonha de admitir que eles não eram meus amigos, e só um bando de babacas. No colegial as coisas se acalmaram e finalmente eu tive amigos de verdade, não fazia mais parte da turma dos bagunceiros até porque nem tinha mais isso na minha sala de aula, mas eu ainda era o magrelo, branco pra caralho esquisito demais. Eu não tinha nenhuma historia legal pra contar, então eu inventava, mentia um monte de histórias maneiras de como minha adolescência era legal, inventava amigos pra ter historias pra contar, até que descobriam que era mentira já que eu perdia o limite e contava coisas absurdas e ficava taxado como o otário, o mentiroso, e sempre acabava me vendo sozinho, até perceber que eu estava perdendo as pessoas pelas mentiras que eu contava e passei a abominar mentiras. Nesse meio tempo sempre pedia pra minha mãe me levar num psicologo pois não me sentia bem, e ela dizia "que magine que você precisa disso é bobagem" e essa frase ficou gravada. Até então com uns 19, 18 anos tinha ficado com poucas meninas, já tinha até perdido a virgindade, mas o curioso e que sempre eu era trocado por alguém muito mais interessante, ou mais bonito ou mais rico ou mais inteligente, algumas ficaram comigo só pra chegar em algum amigo que tinha alguma dessas qualidades a mais.
Tempo foi passando, e a história de ser trocado meio que se repetia, até por alguém que era religioso eu fui trocado. E nunca realmente entendi o porque disso, mas eram meninas que eu realmente achava legais, mas eu não devia ter o que elas queriam.
Inseguro pra caralho, desde novo, sempre me achando o pior e quando me achava realmente bom me sentia apenas mais ou menos, nunca realmente bom.
Quando eu tinha uns 6 anos, me lembro meio vagamente (tenho muita poucas memorias da mina infância) que um dia eu estava deitado na cama da minha mãe no escuro dizendo que queria me matar, e ela disse "pare de bobagem se não vou te por de castigo, acho que o problema de auto estima já vinha dai
Foi ficando difícil eu me achar em alguma relação, pois sempre o medo de ser trocado ia estar presente, entrei numa defensiva enorme, e quando não tinha o risco de ser trocado e as coisas estavam bem eu sentia que estava fazendo sempre algum mal pra pessoa ou não sabia lidar e saia fora, não ficava, procura alguma coisa dentro das minhas inseguranças pra não estar manter a relação.
2015 foi um ano bem difícil, com todos os altos e baixos possíveis, em Setembro meu pior pesadelo que é o de ser trocado aconteceu novamente, da pior maneira, já que dessa vez a pessoa que eu estava fazendo planos (não tínhamos nada ainda apenas planos) subitamente me trocou. Todas minhas frustrações vieram a tona, seria minha falta de coragem de ir atrás dela? teria sido que ela arrumou alguém mais bonito? mais rico? ou simplesmente aconteceu? Muitas coisas boas também aconteceram, pessoas maravilhosas fizeram o ano não ser de todo mal, algumas mudanças que eu achei que iam me fazer bem.
E não posso negar que  o desejo de tirar minha vida sempre estava andando do meu lado, mas como pra tudo eu nunca tive coragem de fazer, minha falta de força de vontade até nisso interfere. Por 2012/2013 um amigo muito próximo se matou, enforcado no banheiro logo apôs a namorada dele terminar com ele, tinha tudo pais lindos que apoiavam ele, um carro zero, muitos amigos, tinha acabado de entrar na faculdade que ele sempre quis ter, e sempre que ele se sentia triste era comigo que ele conversava e dessa vez não ele simplesmente foi lá e fez, quando eu recebi a noticia primeiro eu chorei de raiva e tristeza por não ter sido um amigo melhor e por ele não ter vindo falar comigo antes de fazer isso, passado esse sentimento eu chorei de novo mas dessa vez talvez por um pouco de inveja por não ter a força e a coragem que ele teve de fazer o mesmo. Em meados de 2015, recebi a noticia que outro amigo se matou, esse não era tão próximo quanto o outro, mas ainda sim era um amigo muito querido e isso me abalou novamente muito, e me fez pensar qual foi a motivação dele pra pular do prédio? Ninguém nunca soube e talvez nem vá saber, mas o que teria sido o estopim pra ele fazer isso?
Hoje, me sinto ridiculamente mal, a parte clichê é que eu to tão mal a tanto tempo já que me sinto acostumado com isso e não deveria ser assim. Sempre que alguém fala de suicídio pra mim eu fico completamente sem razão, só quero me distanciar o mais rápido possível dessa pessoa no fundo por medo de perder mais alguém próximo por isso e não conseguir fazer nada pra impedir e por inveja que se essa pessoa tiver coragem eu não vou ter depois mesmo tendo mais um motivo pra isso.
Mas do que vai adiantar desabafar com alguém sobre tudo isso? E depois ouvir um "é foda neah?" "ah mas vai passar" "essa fase sempre passa" e todas as frases vazias que não mudam nada, agora eu escolhi me isolar e viver em solidão de verdade, os primeiros dias estão sendo difíceis por problemas na casa mesmo, mas não me sinto tão mal, só me sinto como sempre me senti, sem ninguém o lado bom que eu não estou com medo de ser trocado já que não tem ninguém pra me abandonar agora e o lado ruim? Que o chuveiro não está funcionando e banho frio estando com 7 graus não é bom.
Ah, acabaram de ligar a luz espero que a metáfora se encaixe

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