Muitas vezes, as coisas não dão certo — e tá beleza, faz parte. A gente aceita e bola pra frente.
Mas, em outras vezes, aquilo que não deu certo atinge com mais força. E, além da frustração, vem junto uma tristeza tão forte e intensa que dói. Não falo de uma crise de depressão, e sim daquela tristeza profunda que surge quando algo que você queria tanto — e tinha tanta certeza de que daria certo — simplesmente não acontece. É como se tivessem arrancado esse sonho de dentro da gente.
A fala pode parecer um pouco exagerada, talvez até dramática demais, mas foi exatamente assim que me senti quando alguns planos não deram certo nesses últimos dias. Não consegui chorar, e até demorei pra entender que eu tinha ficado tão triste e abalado com isso.
Vivo, já há muito tempo, sem um propósito claro, sem uma paixão motivadora ou algo nesse sentido — e isso não me incomoda. Aceito que todos os dias são únicos, mas também não posso deixar de pensar que, no geral, todos os dias são... chatos. Estava lendo sobre amor-próprio e como despertar amor pelo que se faz — mesmo odiando o que se eu faço. Refleti muito sobre isso, e percebi que, mesmo quando eu fazia algo que amava profundamente, não sentia amor ao fazer aquilo.
Meu apego a existir é muito limitado. Não falo isso no sentido de querer morrer, mas no sentido de: o que me motiva a continuar vivo? As pessoas que amo, talvez? A próxima viagem de moto? O próximo encontro? Não sei responder. Pela primeira vez em muito tempo, queria encontrar esse tesão por estar vivo, esse propósito, essa ânsia de existir, esse brilho na vida. Queria saber qual é a minha motivação — e não consigo pensar em nada.
Pensei em tentar reatar antigos laços, mas ainda tenho aquele medo de estar incomodando. Queria procurar algo mais, mas, quando penso demais, já não sinto mais tanta adrenalina.
Talvez eu devesse procurar novamente, na escrita, o propósito que perdi — procurar, nos meus pensamentos, algo que estou deixando passar.
Pela primeira vez em muitos anos, me sinto vivo — mesmo sentindo que não estou vivendo. Trouxe monotonia até para minha última aventura. Estava tão cego, sem perceber, que não enxerguei o que deveria ver. Um daqueles momentos raros em que a vida sorri... e eu não sorri de volta, pois preferi desviar o olhar. Isso também me deixou triste.
E, em meio a tudo que pensava e escrevia, só conseguia lembrar do Lenine dizendo:
"E a vida continua surpreendentemente bela
Mesmo quando nada nos sorri
E a gente ainda insiste em ter alguma confiança
Num futuro que ainda está por vir."
Esse texto não teve objetivo, não teve meio nem fim — apenas vários começos. E espero que alguns recomeços também. E, por que não? Alguns meios.
Espero que seja um novo marco. Ou apenas um parêntese que, já amanhã, vou esquecer que abri. E assim ele ficará, como tantos outros: aberto, sem terminar.